VIVO NOS CACTOS DO DESERTO

Dentro da prisão o prisioneiro é a vítima de sua história

Fez tanto mal aqui fora que o sol a alma por dentro lhe queima

Não há tira teima que trave sua memória...

O rei estava triste em seu reinado

Tanta ambrosia fugidia... Mais em sua vida

Faltava algo para levantar o seu lenho

Sempre faltava um estranho tempero

Na fome que nunca se sacia por inteiro

Eis que surge a pimenta do reino

Sempre se busca algo que já temos

Há tantos livros que não lemos

E só absorvemos aqueles que na rotina escrevemos!

Todos somos escritores de um céu aberto

Não existimos se flores não existirem

As letras precisam como a caneta sempre estarem por perto

Sempre nascem espinhos nos cactos espertos

Mais flores se abrem também decerto que viram pós

Os polens das letras se espalham pelo deserto