Corticeira

Corticeira de lindas flores o que fizeram com teu tronco?

Tolos redondos cochos, enfileirados no campo?

Pra além de jarro deitado, remédio para o gado?

Corticeira tu és flor para adornar mil conveses.

Como um barco ancorado solene, aos sons de clarim

Incógnita ao chão perene, não será este seu fim.

No pampa a descoberto transborda, encharcada.

Temperada pela baba de bichos medonhos.

Em sua volta um charco principia seu retorno.

No sonho de navegar, ser marreca na correnteza,

Guiada pelas mãos de solitários meninos tristonhos,

Alça-se nobre e altiva, ressurgindo das feridas.

Confidente para os mais descrentes,

Brota nova e esguia, acaricia o sentido

Adornando o cocho, silencia o gemido

Prova que o novo não se faz só de semente.