A cor das cores

Vi a flor,

trágica, quando restou mal-me-quer;

profética, no arremesso da noiva;

prática, apregoando os frutos;

lúgubre, encenando no velório;

poética, engalanando a relva;

romântica, discursando à mulher…

Outra vez a vi,

patética, na mesa do que ficou só;

lânguida, nos braços do beija-flor;

polêmica, no anonimato do buquê;

excêntrica, vicejando entre pedras;

maiúscula, no auge da primavera;

incômoda, no papel de expressar dó…

Ainda que multicolorida,

há um motivo que lhe empresta cor;

mas onde quer que se lha veja,

o melhor que se deseja,

é que sempre seja,

seja como flor…