Nascentes na Serra da Canastra - MG

RIO A BAIXO - SÃO FRANCISCO 


à memória de Alencar Silva, dedico este Poema. A história do Grande Rio
vai se confundir com esta outra história. Era, ele, das barrancas do S. Francisco,
exímio nadador, que no Triângulo Mineiro, muito ajudava meu pai na
travessia com o gado pelo Rio Araguari. Gado fugido pela correnteza deste rio,
indo para o outro lado. E meu Pai elogiava a dextreza e boa vontade deste amigo:
"Nada como se fosse um peixe ou, mesmo, como uma lontra"!


Nascido ali, na Canastra a Grande Serra das Minas
Desce o Rio com vontade levando outros, por lá
A bater cabeça, tronco, membros, não se afina
Na descida se machuca e na queda se esgaça
Não sendo efeito nem causa desta mineira cachaça
Apenas a gravidade da altitude elevada
As Cachoeiras que o digam, sofrem com água pesada!


Antes, passando pelo "Grande Sertão: Veredas" do Guimarães 
Chegamos, agora à Três Marias, a Gigantesca Barragem
A Prover de energia as Regiões do Brasil
Quando Brasília nascia do ideal de JK
 Ermírios, ali, Fábricas fundaram, empregos apareceram
Maior barragem de terra que já se viu pelo mundo
Vai, a Hidrelétrica, logo, então, integrar o Sistema Energético
O nome teve sua origem nas trigêmeas, Lendárias, Marias
Que por ali moravam, trabalhavam, pescavam
E numa enchente, levadas foram pela corrente! 


Assim, se expande nosso Rio
Por Minas, novo, pequeno, ainda, está
Pra mais tarde, gordo, volumoso ficar
Será Velho Chico, Santo, mais idoso?
Por ele o intruso do florentino Vespúcio, navegara
Logo no descobrimento do Brasil
Quem mesmo, foi que o Rio descobriu?
Com os desbravadores, numa parceria
Ao longo dele as hereditárias capitanias
Queria para mim, inteirinha, uma sesmaria
Mas, nem precisava de tantas
Bastava para um sem - terra, apenas uma
Os banhos nestas águas por mineiros
Bahianos, pernambucanos, sergipanos, alagoanos
Rio da Integração Nacional
Atestada sua natureza de santo 
Nas suas margens, animais, sumiram
O que preocupa bastante
Peixes, agora, bem poucos, vista dantes!

Navegava neste Rio o Grande Vapor - Navio
De Pirapora a Juazeiro, navegável, era o rio
Aonde foram eles, sumiram os passageiros?
Culpa dos bancos, que não são de dinheiro
Mas alguém financiou terrível destruição
Da mata ciliar, deste virginal caudal
Roubaram a mata toda, jogaram areia dentro
Os bancos são de areia, ao rio, isso faz mal
Quero ver mata de volta, reparem degradação!

Passamos por Pirapora, quer dizer, “Peixe Bonito”
“Se a canoa não virar” ou mesmo vir a encalhar
Com "carrancas" ou sem "carrancas" que espíritos fiquem pra lá
Chegaremos mais abaixo, à Lapa de Bom Jesus
Às margens do grande Rio, lá está a fazer jus
Pois o Cristo é muito Bom na caverna ou na cruz
Porém, ele faz guarida no coração peregrino
De Francisco de Assis, de quem se fizer menino
Vamos para Sobradinho, Represa de grande força
Passamos por Moxotó, Itaparica
Passando por Paulo Afonso geradora importante
Usina, desde que eu era criança
Cumpriu bem o seu papel, ficou na minha lembrança
Tempos chegamos a Xingó, descendo pelos seus Cânions
Seu Muséu Arqueológico, vale a pena, visitar!
 
Querem desviar o Rio para o Sertão irrigar
“O sertão vai virá mar”, que o mar não vire sertão...
Que isto possa ser verdade para o campo, pras cidades
Tomem tenência os políticos, pra não faltar água, não!
Chegando à foz do Rio, provo daquele bom vinho
Destas parreiras de uvas bem regadas com carinho
Divisas a enriquecer este torrão, emergente
Descanse este velho Chico nos cuidados de sua gente!

Brasília, 28/05/12 - abello