Jequitibá

Há muitos anos moro aqui
Tornei-me gigante da floresta,
Mas, sei que partirei em breve
A esperança não me resta.

Moro num lugar deserto
Longe dos olhos de madeireiros,
Mas sei que um dia me acham
Maldita cor do dinheiro.

Aqui, só conheço o barulho dos pássaros,
Do vento, do raio e o trovão,
Mas sei que um dia o homem me acha
E sem piedade vou ao chão.

Serei tombado pelas mãos do homem
Que não pensa, no futuro da geração,
Só pensa no dia de hoje
Amanhã será tudo vastidão.

Quando isto acontecer
O que será dos passarinhos,
Que em mim buscaram abrigo
Construido os seus ninhos.

Ouço o barulho do vento
E minhas raízes firmo ao chão,
A natureza me fez bela e forte
Devo a ela gratidão.

Até que o homem não chega
Aqui fico a embelezar,
Trazendo sombra e abrigo
E purificando o ar.

Das turbulências da natureza,
não tenho medo
Com o vento forte me acostumei,
Das mãos do homem sim, tenho medo
Pois sem piedade fará a lei.

Lei da autoridade,
Lei do dinheiro,
Lei do poder,
O que importa é o bolso cheio,
Não importa quem vá sofrer.

Certa manhã pressenti
Que minha vida ia mudar,
Ao ouvir o som da serra
E do homem se aproximar.

Seu ronco era tão forte
Então começou o corte,
Fazendo a casca sangrar
E os bichos que ali estavam
Pulavam de galho em galho
E começaram a chorar.

O meu tombo foi tão forte
Que a floresta estremeceu,
O silêncio invadiu a mata
Toda fauna emudeceu.

Deram adeus a seu gigante
Qua a vida inteira os abrigou,
Com seus galhos e sua sombra
Só a lembrança ficou.

Adeus! Adeus! Jequitibá,
Pra onde vais ninguém imagina
Só sei que aqui no peito,
Fica uma dor terrível,
Que só a morte dará um jeito...
João Luis de Oliveira
Enviado por João Luis de Oliveira em 26/08/2012
Reeditado em 12/11/2017
Código do texto: T3850183
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