Frio dos frios

Frio dos frios que atormentas

Nas imposições do inverno.

Frio dos frios que não se ausentas,

Invade fora e interno!

Dessa massa: pó e cinza

Frágil, assim como surgiu

Em vão resiste à epiderme,

Nos montes esconde o vazio.

Como hei de agasalhar-me

Frio dos frios que se levantas

Contra os valentes e audazes:

Dispersa, sacode, balança.

Impõe-se a própria natureza

Das coisas que se alcança.

Contra o plano do inimigo,

Contra o sonido da paz,

Contra o elo da aliança

Que todo amargo desfaz.

Contra o rio da abastança,

Mas antes fosse pro cais.

Desse cais fosse tua sina.

Não retornasses jamais.

Emudecido, evaporasse

Sem mais emendas pros ais.

Ah! Quem dera que deixasses

Ver o que não vejo mais

Pobre agricultor na eira

Plantar os seus ideais.

Nos celeiros cereais,

Forragem pros animais.

O aquecer das criaturas

No Sol que astro que faz.

Vibraria a natureza

No resplendor da consciência.

Não seria a inocência

Banida do universo,

Nem um mesmo sol, disperso

Para a inconveniência!