TRIBUTO AO MILHO

Eu nunca plantei um pé de milho, mas, tenho a sensação de que os tenho plantado, pela vida afora, nos eitos escuros e umedecidos da terra, tombadas pelo silencio dos antigos arados de ferro e que

um dia, joguei com fé, sua semente humilde no solo morno, pelos trilhos que vertem humus, cio e fertilidade!

E quando vieram as chuvas parideiras, precedidas do sol, eles vicejaram e cresceram, como uma legião de soldados verdes,

com seus penachos elegantes, altivos como se fossem guardiões de uma rainha. Sempre contentes, otimistas e invasivos, ocupando o solo todo com suas raízes expostas, com suas espigas ainda precoces, avançando na direção do sol, como se fossem seios empinados das virgens, que buscam no calor da emoção juvenil, o primeiros afago,

quando mãos ávidas, lhes tocam pela primeira vez e o fogo do desejo lhes queimam!

Eu, um ser obscuro, me perco em meio a sua floresta de caules e folhas, no calor sufocante que emana de suas paliçadas. como um pequeno animal rústico, perdido no reino de suas fantasias verdejantes!

Ah, florestas de milho!

Que lindo quando enverdeces as paisagens dos campos!

Outrora secos das grandes fazendas, ou mesmo dos pequenos lotes e quintais, de onde alimentas os homens e os animais, enchendo os pratos da vida de esperanças, seja com o seu rico curau amarelo, ou o bolo de milho cheiroso, com que completas, os cafés das manhãs!

Ainda és tu, que sacias a fome dos oprimidos com seu angu singelo, mas substancioso, o mesmo que no passado sombrio, dava forças, ao encher de proteínas, os aviltantes coxos dos escravos no eito!

Ah milho amado, tu ainda és o mais natural e o ator mais valioso da cadeia alimentar da humanidade!

Tu ainda és, a mais preciosa e a mais barata das vitaminas, profusa, rica e prodigiosa, por onde todos se fartam!

Sua modéstia e sua abundância me encantam! Sua simplicidade me enternece!

A beleza dos seus grãos amarelos, feitos pepitas de ouro, me seduzem!

Pois vens abençoado, do seio da terra, sob as bençãos do sol, regado pelo espírito materno das águas e das graças do pai!

Tão dadivoso, tão generoso e tão comum tu és, sempre ao alcance de todos!

Uma verdadeira oferenda do criador, aos viventes deste plano!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 06/04/2013
Reeditado em 24/03/2024
Código do texto: T4227177
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