Ribeirão da Mata.
Que cena tão bonita, de se olhar,
O menino pulando nas águas do Rio,
A capivara se escondendo no Ribeirão,
O pescador com a capanga a tiracolo,
Caminhando com sua vara de bambu,
E sentando ás margens, paciente a esperar,
Que o peixe morda a isca,
Fica imóvel por horas, no mesmo lugar,
O nosso Ribeirão poluído e sua mata,
A mata depredada do Ribeirão,
O Ribeirão é da Mata,
Não pertence a materiais de construção,
Entre lixos e escombros, pneus que assoreiam,
Seu leito, que o matam por poluição,
Dos restos desprezados pela ganância,
Assolam e assombram nossa imaginação,
Eu sonho com aquele Ribeirão de outrora,
Com a visão e o amor do pescador,
Que quando indagado de sua importância,
Sempre relata, mais que sábio orador:
A água é vida pra gente moço,
Eu não entendo essas coisas de Doutor,
Falam de leis, projetos e metas,
Mais escrevem do que fazem,
Mais promessas do que ações,
Mas se esquecem de toda urgência,
E contam mentiras, escondem a verdade,
De nós, pobre povo, não letrado, não estudado,
Que não é ouvido em seu clamor,
O Ribeirão de outrora, que além de limpo,
Tinha mais água, e mais peixes para pescar,
Hoje moço, é mais fácil pescar um pneu,
Do que um graúdo,
Daqueles que fazem o pescador se orgulhar,
Que leva comida na mesa, que distribui vida aonde esta,
Este é o Ribeirão de outrora moço,
Não esse esgoto que corre em seu lugar,
E isso entristece a gente,
Que não é letrado, nem escutado,
E nem procurado, quando sobem em palanque,
E lendo seus documentos,
Criado por seus Doutores, técnicos e gestores,
Grita aos quatro ventos:
As águas de Minas são limpas, e puras,
E nelas se pode nadar e pescar,
Fico triste com esta notícia moço,
Que esta verdade contada, ainda,
No Ribeirão da Mata não veio a chegar.