Enquanto eu falava,
falava,falava & falava...
o povo em sua lavra..
ralava, ralava & ralava...

enquanto eu falava,
falava,falava & falava..
o povo em sua lavra..
resmungava,resmungava
& resmungava..

enquanto eu falava,
falava, falava & falava..
a população lavrava
e cada vez escrava..
escavava, escavava
& escavava...

até que um dia minhas palavras
viraram escravas de suas lavras
enquanto um silêncio dentro de mim..
se calava profundamente..
e eu somente, escavava
escavava & escavava...

até atingir minha alma escrava..
formada de raras palavras
inundada de vorazes larvas
e podres favas transparentes
que mostrava claramente..
esquálidos cães mal-dormidos
e cansados sonhos doloridos
e várias sombras espremidas
entre ferozes feras feridas....

e assim, cheguei ao fundo do poço
bem no fundo da mina, até o osso..
e neste profundo angu-de-caroço..
e prá lá de tudo isso,somente lixo
e um temeroso povo bem omisso
que tecido nas antigas bateias
se quedam qual castelos de areia...

mas esperamos que nossas palavras
toquem em suas almas escravas..
e fechem de si todas as lavras..
enquanto eu Rio meio sem graça 
de um sonho que me devassa
entre vários Castelos de Areia..
arquitetado nas antigas bateias...


26/06/2014

O Rio Piranga, em 2003/04, passando
feito um fio de bigode entre castelos
de areia de um imenso areal, a poucos
kilômetros da cidade...

e talvez, outros Castelos de Areia sejam
novamente construídos...

 
Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 26/06/2014
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