Rua deserta e altos delírios
"Ainda tenho algo a louvar nesta vida referto de contradições
As vezes mergulhado em grandes emoções
Noutras em estados vulgares e sem variações
E nestes dias frios põe em cheque as vitais questões.
Estilo de vida, o olhar pelo cosmo, princípios e o todo
Um conjunto de pontos que moldam a personalidade
Refletir os detalhes é importante para o nascer da maturidade
Mas são destes detalhes imperfeitos que vanglorio o hoje.
Arrancar um sorriso em meio a rua deserta e ao breu
Com o luzir no fim do horizonte negrume
É sinal de que a minha sanidade louca ainda não morreu
Tão complexo e natural que pouco se resume.
Do idioma dos ventos que nunca aprenderei
Até a valsa das árvores que pouco dançarei
São os mistérios que me cercam e fertilizam a mente
Tornando uma terra rica e um mundo eloquente.
Ventos, os seus sussurros em meus ouvidos são indecifráveis
Não sei o que queres falar, mas fantasiar-se neles é uma regalia
Suas vozes são tão lindas, uma língua única e adoráveis
Que ficar horas em pé e desfrutar estes sons é de grande valia.
Além dos doces vocais, vocês me envolvem afetuosamente
Não apenas comigo mas com todos os seres viventes
Mas quantos saboreiam deste evento espontâneo?
Quantos pausam a rotina para gozar do carinho momentâneo?
Olho a minha sombra e percebo a simples diversão
A revoada da blusa neste instante singelo
Oxigena meu corpo e me deixa em comoção
Delirar com a natureza é luxuosamente belo.
Sozinho nesta rua que me aventuro
Tempos antes de partir para os sonhos
Viajar com a passagem de ida enquanto durmo
E da continuidade, ou não, ao futuro.