Rua deserta e altos delírios

"Ainda tenho algo a louvar nesta vida referto de contradições

As vezes mergulhado em grandes emoções

Noutras em estados vulgares e sem variações

E nestes dias frios põe em cheque as vitais questões.

Estilo de vida, o olhar pelo cosmo, princípios e o todo

Um conjunto de pontos que moldam a personalidade

Refletir os detalhes é importante para o nascer da maturidade

Mas são destes detalhes imperfeitos que vanglorio o hoje.

Arrancar um sorriso em meio a rua deserta e ao breu

Com o luzir no fim do horizonte negrume

É sinal de que a minha sanidade louca ainda não morreu

Tão complexo e natural que pouco se resume.

Do idioma dos ventos que nunca aprenderei

Até a valsa das árvores que pouco dançarei

São os mistérios que me cercam e fertilizam a mente

Tornando uma terra rica e um mundo eloquente.

Ventos, os seus sussurros em meus ouvidos são indecifráveis

Não sei o que queres falar, mas fantasiar-se neles é uma regalia

Suas vozes são tão lindas, uma língua única e adoráveis

Que ficar horas em pé e desfrutar estes sons é de grande valia.

Além dos doces vocais, vocês me envolvem afetuosamente

Não apenas comigo mas com todos os seres viventes

Mas quantos saboreiam deste evento espontâneo?

Quantos pausam a rotina para gozar do carinho momentâneo?

Olho a minha sombra e percebo a simples diversão

A revoada da blusa neste instante singelo

Oxigena meu corpo e me deixa em comoção

Delirar com a natureza é luxuosamente belo.

Sozinho nesta rua que me aventuro

Tempos antes de partir para os sonhos

Viajar com a passagem de ida enquanto durmo

E da continuidade, ou não, ao futuro.

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 08/08/2014
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