O HOMEM

O HOMEM.

Oh natureza viva! Quão afável e bela é sua feição,

E não a enxerga o homem, cego de ambição.

No amanho da terra ele escava, é cruel, é letal;

Lavra, ateia o fogo demoníaco, insano e mortal.

Perdido combate, é a terra contra a destruição

Que a natureza trava sem ferramentas, em vão!

E lhe vem o fogo sua morte impor, cruenta dor.

E que força lhe pode às vorazes chamas impor?

Bruxuleia a fumaça sobre todo virgem dossel,

Lágrimas não restarão, não sobrará o doce mel,

O céu perde a cor azul, sua pompa, sua clareza...

Tudo contribui na destruição da mãe natureza.

Do seu altar, majestosa, toda ela agora é ruína,

Queimo da chama, queima dos capinzais a crina.

Impõe-lhe o fogo o calor... queima, estorrica,

No ventre uma grande dor, em cinza que fica.

Vem festiva chuva e lambe a ferida dilacerada...

Molha o chão, e o trigo semeiam mãos calejadas.

O tempo, o pendão doirado do trigal enfeita.

Os cachos da riqueza, o sorriso da colheita.

Alívio! Assim se vai o cruel, eterno inimigo!

Com feixes, agora aos ombros do fulvo trigo!

de egê- sp

Do livro poeira e flor vol I

EGÊ VALADARES
Enviado por EGÊ VALADARES em 10/08/2014
Reeditado em 10/08/2014
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