Rever( descer)
Atalaias da primavera tocam trombetas,
Desde antes da chegada de setembro;
Troupe de fedelhos segue batendo latas,
A natureza não é muito boa com datas,
Será no dia 22 se eu bem me lembro...
a orquídea apressada arregaçou mangas,
os voláteis dos beirais, já urdem o ninho;
flores anunciam a chegada das pitangas,
manhãs, pouco a pouco ficam mais longas,
e o frio acanhado, vai saindo de mansinho...
verde encolhido lentamente deixa a casca,
elegante a ponto de não por culpa na geada;
sabendo da hora, seu lugar ao sol ele busca,
vai produzir para nós a sombra que refresca,
sabe que o verão também tem data marcada...
Mesmo o coração tem as mudanças sazonais,
No verão do desejo se faz mais ousado, pleno;
Mas, esfriado o anseio as folhas caem depois,
Se revela caduca a que parecia perene, pois,
E o inverno do desengano traz gelado sereno...
Mas, sempre é possível renovar o que passou,
Trocar uns dormentes que sustentam o trilho;
Se a natureza a cada ano retoma o seu show,
pode, o verde olhar que no inverno murchou,
retomar nesse setembro, sua cor e seu brilho...