NADA SOU
Nada sou...
Quando sinto o perfume das flores,
O roçar do vento no meu rosto frio,
Quando no vestígio das sombras
Deito meus olhos mornos,
No teu ausente perfil.
Nada sou...
Quando no cair da tarde,
Ouço a aceno do horizonte,
O pisar sutil da noite
A vaguear pelas ruas,
A pressa da ventania,
Quando arrasta as folhas,
O sereno quando deita nos braços
Da madrugada.
Nada sou...
Quando a lua pálida
Espia meu semblante...
Meus olhos atrevidos
Ao roubar da noite
A estrela mais distante...
Nada sou...
Quando na paz do silencio,
Ouço...
O sussurro de Deus,
No assovio pleno...
Da vida...
Passeando no tudo,
Que me alimenta...
E no abrir das cortinas da esperança ,
Quando me ressuscita...
No abraço quente do sol...
No despertar de um novo dia...
Nada sou na plenitude da neblina,
No ciciar do das cordas vocais da letargia...
Quando me toca com a luz da matina,
Abrindo minha retina...
Para o amanhecer!
Marisa Zenatte