Chuvas de vinho

Antes do cessar do crepúsculo,

antes da negritude do tempo

Sento-me nestas rochas para

enaltecer mais um momento

Dando versos aos meus

sentimentos de agora

Tomando formas e sabor de um

poema que aflora

Compenetrado no fim do

horizonte eu não hesito

Óh estação das águas lhe peço,

de maneira solícito

Desabe suas chuvas neste solo

imaculado por nós

Muitos anseiam por sua chegada,

pelo ecoar da sua voz

Eu, em particular, não lhe desejo

para fins comerciais

Minha inclinação tende a ir para

níveis transcendentais

Aqui, no vale rochoso, os ventos

me acariciam com maestria

Em consonância com Apolo, deus

das artes, da música e da poesia

E tenho fé, sim, eu tenho fé, de

que quando você se manifestar

Eu alcançarei intensas emoções

ao lhe sentir e desfrutar

Sei que lágrimas irão se misturar

as suas em minhas feições

E as manhãs ficarão tão lindas

que darão novas canções

Além de salobras, suas águas

ganharão teores de vinho

Escorrendo pelo rosto que

receberei a júbilos o seu carinho

A mercê de você, seus braços

gélidos me levarão as alturas

Me elevarei aos céus, dos deuses

tomarei doses de suas loucuras

Pois, neste lugar onde estou,

gozei do ponto de mutação

A virada que ocorreu em minha

vida devido a uma paixão

Não um mero afeto, não uma

simples excitação emocional

E sim um sentimento tocado em

lira que sobrepuja o carnal

Então lhe aguardo para poder

apreciar sua natureza

Com um singelo sorriso ao ver a

imensidão de sua beleza

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 04/11/2015
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