Chuvas de vinho
Antes do cessar do crepúsculo,
antes da negritude do tempo
Sento-me nestas rochas para
enaltecer mais um momento
Dando versos aos meus
sentimentos de agora
Tomando formas e sabor de um
poema que aflora
Compenetrado no fim do
horizonte eu não hesito
Óh estação das águas lhe peço,
de maneira solícito
Desabe suas chuvas neste solo
imaculado por nós
Muitos anseiam por sua chegada,
pelo ecoar da sua voz
Eu, em particular, não lhe desejo
para fins comerciais
Minha inclinação tende a ir para
níveis transcendentais
Aqui, no vale rochoso, os ventos
me acariciam com maestria
Em consonância com Apolo, deus
das artes, da música e da poesia
E tenho fé, sim, eu tenho fé, de
que quando você se manifestar
Eu alcançarei intensas emoções
ao lhe sentir e desfrutar
Sei que lágrimas irão se misturar
as suas em minhas feições
E as manhãs ficarão tão lindas
que darão novas canções
Além de salobras, suas águas
ganharão teores de vinho
Escorrendo pelo rosto que
receberei a júbilos o seu carinho
A mercê de você, seus braços
gélidos me levarão as alturas
Me elevarei aos céus, dos deuses
tomarei doses de suas loucuras
Pois, neste lugar onde estou,
gozei do ponto de mutação
A virada que ocorreu em minha
vida devido a uma paixão
Não um mero afeto, não uma
simples excitação emocional
E sim um sentimento tocado em
lira que sobrepuja o carnal
Então lhe aguardo para poder
apreciar sua natureza
Com um singelo sorriso ao ver a
imensidão de sua beleza