CANTO DE ARAUCÁRIAS

Num relance, pronto! Já ficamos sabendo...
Que vem da desertificação o silêncio pesado;
Da aridez das taperas e taipas abandonadas
Taipas que seguem negras, sinuosas de Tempo,
Parecendo uma gigantesca serpente petrificada,
Varando coxilhas, descendo grotões e canhadas.

Chega de mui longe, bem longe, do alto mais alto,
Dos campos dos altos da serra e daquele planalto,
O choro do vento, lamento em triste capela velada
Pelo abate das araucárias este símbolo dos rincões.
Tais aqueles viventes que têm bagual nos corações,
Derriçaram as vetustas silhuetas dos pores do sol.

Roubaram com isto, o outrora alegre e franco riso,
Doridas milongas nas vozes de ponto e contraponto
De cuia na mão; formosas como as flores do campo.
Brotavam não por acaso os abraços de fraternidade,
Cultura atávica da terra de querências entre irmãos,
E o jogo de cartas aos domingos à sombra do galpão.

Não te parece, mas tudo se liga ao pinheiro e ao pinhão
Imagens que se somam: nó de pinho, forte fogo de chão,
Para  se acalorar do frio, bom churrasco e  o chimarrão.
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 25/02/2016
Código do texto: T5554508
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