Devastação

Natureza agredida, espaços tomados.

Onde antes existia matas abundantes,

o homem vem com sua arma assassina,

um rústico machado ou o trator possante,

e uma árvore frondosa com seus frutos,

sua sombra que abriga os passantes,

é abatida e os pássaros voam assustados,

pois seus ninhos abrigavam os filhotinhos.

Uma sementinha pequena ali floresceu,

crescendo forte no solo rico de nutrientes,

como uma criança que suga o leite materno,

e depois adquirindo forças quer somente brincar,

balançando no vento que lhe agita as folhas,

e atrevidas flores lhe dão belezas e perfumes,

encantando quem aspira os doces sabores,

atraindo pássaros e animais que ali aportam,

pelo porte frondoso de troncos grossos e fortes,

que até o vento forte não consegue derrubar.

Um homem vê a madeira do tronco vigoroso,

que cresceu com galhos fortes e ganhou alturas,

e antevê que poderia lhe servir para suas ambições,

vendendo seu madeiro para alguma construção,

quem sabe uma casa majestosa toda vistosa,

e num ato que a mente assassina lhe aguçou,

a serra elétrica penetrou fundo em suas entranhas,

ferindo sua base em toda sua circunferência,

abalando sua estrutura que aos poucos se curvou,

caindo depois numa dolorida queda e vidas se foram,

os pássaros que perderam seus ninhos e filhotes morreram,

e animais perderam os alimentos nos frutos saborosos,

até a sombra se afastou pois os espaços se perderam.

Restaram então espaços vazios e um pedaço do tronco,

que penetrava fundo no solo fértil e lhe dava sustento,

e daquela majestade que despertava somente admirações,

sobrou o solo ressequido e o mato se instalou na fundação,

onde proliferaram ondas de insetos nocivos às vidas,

e o passante que ali fazia pausa para um merecido descanso,

lágrimas derramou quando perdeu aquele espaço generoso,

pois dali avistava as matas floridas e rios serpenteando,

que caiam das alturas em cachoeiras com águas geladas,

e mitigavam sua sede quando vinha por estradas poeirentas,

até o banho que lhe trazia o vigor quase que se exaurindo,

e triste novos caminhos buscou pois ali terminou sua alegria,

que um homem sem alma abateu uma árvore frondosa,

por ganância material sem atinar para sua consequência,

e a natureza perdeu uma fonte que atraia as chuvas generosas.

Jairo Valio

25-04-2019