FUI SEMENTE

Adormecida, sem vida,

Implorei ao céu por chuvas,

Ausentes por ação dos homens,

Que derrubavam árvores,

Formadoras de nuvens,

E suas lágrimas secaram.

O céu todo azul e sem nuvens,

Eram prenúncios de seca ardente,

Com terra ressequida e sem vida,

E eu quietinha até dormitava,

Esperando nova estação,

Prenúncio de chuvas abundantes,

Que certamente a natureza traria.

Até que um dia num amanhecer,

Senti gotículas molhando a terra ardente,

Frias como se fossem doces temperos,

E vi que a natureza então despertou.

Aspirei forte e senti que meu caule foi engrossando,

E da sementinha pequena jogada ao acaso,

Um botão foi se formando até explodir,

Numa rosa vermelha de tonalidades lindas.

As pétalas iam se abrindo aos poucos,

Com perfumes extasiantes que a brisa buscou,

Atraindo beija flores e lindas borboletas,

Que sugavam meu néctar doce como o mel,

E os pólens espalhavam para a natureza florir.

Passarinhos cantavam em revoadas barulhentas,

Até o sol ardente abrandou sua temperatura,

Numa magia que então entendi,

Pois foi Deus quem trouxe as chuvas,

Nascidas em florestas imensas ainda preservadas.