CHUVA
Deságua
bruscamente
essa chuva
sobre o solo,
sobre as telhas,
sobre os ombros
pesados.
Ela cai lavando,
quem sabe,
desejos,
arrastando
segredos,
incontáveis.
Ela corre
pelas ruas
inundando
corações,
ressequidos,
desabrigados.
Deságua agora
mansamente
na manhã
essa chuva fria,
acordando
sonhos frescos,
acariciando folhas,
perfumando o ar,
dançando frenética,
seguindo,
levando,
quem sabe,
esperança
a outro lugar.
E ela deságua
agora,
refeita,
na plenitude
de um rio
a correr sisudo
e doce.