CHUVA

Deságua

bruscamente

essa chuva

sobre o solo,

sobre as telhas,

sobre os ombros

pesados.

Ela cai lavando,

quem sabe,

desejos,

arrastando

segredos,

incontáveis.

Ela corre

pelas ruas

inundando

corações,

ressequidos,

desabrigados.

Deságua agora

mansamente

na manhã

essa chuva fria,

acordando

sonhos frescos,

acariciando folhas,

perfumando o ar,

dançando frenética,

seguindo,

levando,

quem sabe,

esperança

a outro lugar.

E ela deságua

agora,

refeita,

na plenitude

de um rio

a correr sisudo

e doce.

Simone Gonzaga
Enviado por Simone Gonzaga em 22/10/2021
Código do texto: T7369169
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