Ventania

O movimento do ar

O movimento do mar

Tirania, rebeldia, terapia

O barulho do vento

O som invisível do tempo

Janelas abertas, portas batendo

Árvores agitadas

Folhas espalhadas

Em silêncio, observo detalhes

O tilintar do sino dos ventos

O assobio entre as frestas das portas, das janelas

Objetos caídos rolando no chão

A grama e o mato dançando no quintal

Os passarinhos em deslocamento no céu

Fecho os olhos e sinto a brisa

Sinto a força do ar encontrando meu corpo

Sinto o atrito do ar afagando minha pele

Desgarrado tento não me deixar levar

Fixo os pés e abro os braços

E passo a pertencer ao vento

Os cabelos voados soltos

As roupas largas arrebatadas

O alvoroço das direções indecisas

A algazarra da atmosfera em camadas

Envolto em ar, envolto em vento

Não me movimento, nem em pensamento

Vivo a música do momento

Encantado pela natureza ao redor

Imerso em meus próprios ares, meus vapores

Respiro, inspiro e me entrego

Ao liquefeito ato de experienciar as correntes em mim

Circulação atmosférica, pressão em minhas veias

Solavanco em meu peito, a cada batida

Um coração sendo levado por aí

Puro instinto, pura energia

Um coração cheio de vento

Um sopro cardíaco

Um sopro e só.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 05/11/2022
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