FUMANDO NA CHUVA

Ninguém parou pra perguntar

Ao dia infante o preço da alegria.

Mas um menino furou o céu com o dedo

E devassou o mistério no armário de Deus.

Quantas eras se anulam nesta casa?

O oceano prossegue no mesmo discurso

Onde um homem não fala mais alto que um fóssil

E toda flor é indivisível.

O céu se resume, o cinza se agiganta...

Tudo é tão grande, desde que seja inútil...

Os pés vão devorando asfaltos enfadonhos

Como se procurassem entorta-los numa dose.

A vida segue em seu eterno fratricídio,

A eterna violência aos inocentes.

Quando os pássaros chegam do bar

É a corrente do tempo que os espera.

Às vezes vem do nada uma esperança,

Ondas de luz que morrem na retina.

Às vezes uma borboleta rompe o tédio

Pairando sobre os números laplacianos.

Do ocaso nasce a dor de doze cores

Que chora como as pedras e as montanhas.

A porta aberta, a vontade de ficar

Fumando na chuva intransigente,

Comendo musgo com os olhos,

Soletrando as mulheres e beijando as palavras...

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 06/06/2008
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