Coleção do que não tenho

O texto abaixo pertence a Marina Seneda e foi publicado recentemente no site www.oteatromagico.mus.br onde muitas outras poesias podem ser encontradas.

Obrigado Marina pela permissão =)

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Que eu não tenha o intento de uma desistência

Da tal tentativa de mudar o mundo

Eu não tenho as chaves de todas as portas

Nem mesmo os mapas de todas as rotas

Não tenho resposta às questões pedantes

Nem todo o tempo que esperei antes

Já não tenho a surpresa de todos os fatos

E nem os momentos de todas as fotos

Não tenho os mistérios de certos segredos

Nem mais tantos medos dentre tantos medos

Não tenho o regresso de onde não volto

Nem mesmo o ingresso da cena que eu era

Nem mesma quimera da vida que escolto

Não tenho mais... Sonhos quase reais, risos quase ideais

Palavras ditas, não tenho

Nem venho voltar às palavras que foram

Não tenho o que eu fui, se era eu ou seria

Aliás, mesmo agora, nem mais tenho a hora

Gênia e primeira que adentra a poesia

Eu não tenho as chaves de todas as portas

E é esse não ter que limita e recria

Em mim toda luta que muito me importa,

Em mim toda luta que eu nunca teria

Sem nãos, sem não-teres, sem cara na porta

Que incara o "e se fosse, o que eu faria?"

Eu não tenho por que não tentar...

E o que ainda tenho sei que não teria

Sem que tivesse tido tudo o que me desafia

Marina Seneda

Mauricio Leite
Enviado por Mauricio Leite em 28/06/2008
Código do texto: T1055257
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