O coração no vidro.

Coloquei meu coração num vidro.

Observei que nele tem um resíduo.

Por mais que silencie os zunidos,

bem lá no fundo,

fundo dele,

tem o resíduo.

Interessante.

Coloquei o vidro na estante.

Quem sabe, ele mude de interesse se cercado de livros.

Mesmo com a transparência,

absorvendo nomes de opulência,

o resíduo teima por sua sobrevivência,

abrindo mão de toda ciência.

Tentei colocá-lo no armário,

quem sabe as roupas poderiam sugerir outro fardo,

mesmo assim,

sem resultado.

O resíduo é tudo o que não sou, o que não sei,

que não me encaixo,

é toda notícia espaçada do passado,

o resíduo é você,

a única forma de te ter ao meu lado.

Ana Claudia Laforga
Enviado por Ana Claudia Laforga em 23/07/2008
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