NOITE

Nas haras mortas da noite

Quando ela minuciosamente ainda demora a persuadir,

Em um universo que não parece se realizar.

Mim trago, no silêncio de meu pensamento.

Vejo quietação estranha...

É vasto o murmuro do escuro

A vereda que meus olhos contemplam

Entre o céu estrelado,

Não penetram no fundo do meu olhar.

O vazio...

Parece roubar-me

E num instante;

Sinto perder,

E um todo e profundo cessar.

Os sentidos meios que confusos

Se perdem, entre a linha do sentido.

O coração a desacelerar, se vê invadido,

Pelas chamas negras mortais, que por entre as veias,

Tornou-se caminho a essa habitar.

O sono que nem um gosto sumo

Embebeda os meus olhos...

Um frio parece sucumbir-me,

Em um vento que atrai ainda mais a escuridão.

A noite parece não mais acabar...

Quieto, como a calada da noite

Assento-me, a espera, ao fim...

No desejo do amanhã...

Cada vez mais me torno noite

A sombra da própria escuridão,

E cada vez mais é vazia a minha noite,

E cada noite não parece mais chegar.

SÉRGIO CARVALHO
Enviado por SÉRGIO CARVALHO em 04/08/2008
Código do texto: T1112846
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