TENHO QUE IR EMBORA...

Me lanço no ar...
É a primeira vez que vou voar,
dando "asas à imaginação"...
Não entendo a paisagem, aprenas sinto,
o odor da fumaça, que se esvai...sumindo,
em linhas de ferrovias...caminhos perdidos,
repletos de trilhas,
por onde jamais pensei estar!

Intenso aperto em meu peito...
Desfeito é o leito, onde dormi e sonhei,
acordei ...e vivi tantos feitos,
-me assustei com temporais,brinquei carnavais,
encontrei alegrias, remoí tristezas...
jurei tantas vezes que não voltava mais...
eduquei... formei... criei estilos,
comemorei primaveras...ignorei meus defeitos...
e te esperei noites inteiras,em todas as janelas,
que podia abrir, para te achar...

Tenho que partir agora... abandonar meu porto!
Levantar âncora, por tanto tempo fincada,
estática, inabalável, retida,
à permitir contra ou à favor da correnteza,
o milagroso passar da vida,
entre as rochas e o encanto
dos mistérios traiçoeiros do mar!

Em planos insólitos...tento te encontrar...
Altas horas te sinto presente,
certeza inconsistente...
Passas correndo, num sopro de vento,
sem que eu possa, sequer enxergar
o semblante que agora ostentas...

Meus pensamentos, rondam momentos,
decantados e fragmentados no tempo...
Expulso a realidade.
Toda vez que ela bate,
finjo demente, que não é verdade...

Tudo em volta se dissolve...
Fujo da meditação que insiste,
me afrontar, crua e triste,
"dedo em riste"
à me apontar altos muros...
:-triste e medrosa conquista!"



Mariapaz
Enviado por Mariapaz em 17/09/2008
Reeditado em 17/07/2010
Código do texto: T1183111
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