Música de funeral

Pianos desenham a música da alma.

É uma pena que eu não saiba tocar.

É uma pena que meu tocador particular

só tenha memorizado músicas de funerais.

Eu era aquele de poucos amigos

de boas noites e muita ética.

Eu era aquele que não temia o espelho.

Agora, me diga, onde parei?

Literalmente, no seu armário

Provavelmente debaixo da cama,

esperando o momento certo

para puxar-lhe os pés.

Criança medrosa, não pode me ver

Criança mimada, eu não vou te dar

Nenhum presente...

Você que me deve a prova,

Você que me deve a vida de volta

Você que me deve o prêmio

de te ver cair.

Será que você não percebe?

Eu não sou o bicho-papão,

sou apenas a imagem do futuro

desenhada em seu espelho

É uma pena que meu tocador particular

só tenha memorizado

músicas de funeral.

Em termo de sangue, você está digno

Em termo de sangue, o meu foi suado,

preso, enterrado, sufocado, tocado

pelos fantasmas de meu passado.

Será que você não percebe?

Eu só quero o que você me roubou

Eu só quero reconstruir meu castelo de areia

que um dia você pisou.

Agora, me diga, onde parei?

Literalmente dentro do seu sangue

Provavelmente te destruindo aos poucos...

Veja bem, não sou um vírus.

Sou aquele piano que prendeu sua alma.

E é uma pena que eu não saiba tocar

é uma pena que meu tocador particular

só tenha memorizado músicas de funerais.

JHM
Enviado por JHM em 29/09/2008
Código do texto: T1203104