Rotina

Poesia

no instante

do erro

o que é o meu desejo?

Monstro

anjo

diamante

ou carência desnorteada?

poesia na quarta

quando nasci

às oito e trinta e cinco

para ser apenas

o estranho no mundo

onde minha saudade vaga

entre outros olhos

ilhas condenadas

naufrágios

de pétalas ao mar

corpos ao mar

eu ao teu lado

querendo ser concreto

poesia

do dia moldado em aço

máscara terna, vejo que surge

atrás do rosto

um texto, textura

carvão fogo

manuscrito da dor

poesia

da era não vivida

não sei o que é meu desejo

monolito

corpo preservado no âmbar

para gerações de um futuro

incerto

poesia

na quinta

uma voz

no estômago retine

manhã pesada

palavra do erro

o que é o desejo

já não parte de mim, de meu corpo

mas fragmento das vozes

que correm soturnas

por águas rasas de ócio?

poesia deste instante

preservada na rocha

como inscrição

da vida que era, que é, que será .