DUO CENTO

Duas centenas de emoções

Soltas feito bigas romanas

Desbravando angústias

Aniquilando sorrisos

Verdades quase monolíticas

Mentiras bem construídas

Motivando ocaso de paixões

Renascimento de dores lacerantes

Centelhas reacendendo brilhos

Fagulhas de tempos idos

Sons guturais

Simiesco casal desvalido

Espalhando sêmen pelos ladrilhos

De regelados pisos

Nos quais deitamos cem vezes

Outras cem choramos abraçados

Prostrados em devaneios impossíveis

Por duzentas vezes

Arvorei-me em senhor das letras

E em outros duzentos dias

Acordei ocupando mais espaço

Do que a mim era destinado

Ducentésimo erro

Inflei duzentas vezes meu ego

Atingi os píncaros de mim mesmo

Qual Narciso inebriado

Com o reflexo da própria estupidez

Sem saber que rolaria as encostas da soberba

Ao saber das mãos que ora me aplaudem

Hoje já contam muito mais de dois centos

Os dias em que de joelhos e olhos baixos

Amargo a poeira dos meus desacertos

Aprendendo com dor dos aflitos

Dar um passo de cada vez