O Destino não tem servos

Um escolha por mim deve ser feita.

Chega a afligir-me tal abstinência:

Optar por uma única via de transcendência

Que talvez seja até suspeita.

Difícil – no que concerne a si próprio – discernir

A conseqüência de tal opção.

Seguir meu hesitante coração

Ou esperar pelo porvir?

Destino, senhor da dúvida inquietante,

O que reservas a este errante?

Toda ação produz um efeito

E todas as coisas sofrem da mesma lei.

Um erro agora e futuramente terei

Apenas remorso no peito.

E chega a paralisar tal incerteza.

Nada parece certo na vida – somente a morte

É claro; mas qual sorte

Há após o fim da tristeza?

Destino, senhor da dúvida inquietante,

O que reservas a este errante?

E se tudo for apenas Aleatório?

Nada estaria ligado a nada,

Coisa alguma estaria errada

E motivação alguma haveria para o Homem transitório.

Analogia haveria de ter

Entre o filósofo profundo e um verme imundo

Aqui nesse nauseabundo mundo

E seria inclassificável todo ser.

Destino, senhor da dúvida inquietante,

O que reservas a este errante?

Porém, ao que parece,

Ninguém vive por acaso, sem organizar

Sua vida, sem efetivar

A rotina que se dissipa quando anoitece.

O sentido do viver não foi dado por nenhum

Deus homérico, cristão ou hinduísta.

Sóis vós os responsáveis pela conquista

Própria de cada um.

Destino, manipulável por completo, deus ínfimo e obsoleto.

És dono apenas do meu esqueleto.

16/08/09

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 25/08/2009
Reeditado em 23/10/2009
Código do texto: T1773221
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