Hora Vazia

É na hora vazia

Que marca o quadrante

Da minha agonia...

E no negro véu, do céu,

A presença da lua

Irradia magia

É nessa hora sombria

Que corpos cansados,

Extenuados e suados

De amor ou labor

Em leitos diversos,

Rolando ou sonhando,

Suspiram de amor!...

É nessa hora vazia,

Que lenta agonia

Me vem visitar...

E a mente cansada

O corpo agitado

O peito a pulsar...

É o dia findando,

E, em doce afã,

Sorrindo e cantando,

Procuro esquecer...

Perfume... Tarde... Manhã...

Festas... Tristezas... Chorar...

E nisto ponho-me a pensar:

No pobre que chora,

Na mãe que lamenta,

No órfão que implora,

O fim da tormenta...

No ébrio que espia

O último poste,

Que ainda ilumina

O caminho a seguir...

Vejo, na mente cansada,

O vigia assustado

O ladrão agitado

o uivo de cães e

o cio dos gatos...

E é nessa agonia,

Meu sonho desfeito,

Meu canto-saudade,

Que agita o meu peito...

É essa hora vazia

que marca o quadrante

Do fim do meu dia.

Neuza Rodrigues Leonel.

Nota: Autorização para postagem gentilmente cedida por

Bárbara Leonel, neta de Neuza.

Janethe Fontes
Enviado por Janethe Fontes em 20/06/2006
Código do texto: T179408