Recado de uma poetisa

Não deixe as palavras ao vento

Sem lugar ou sem tempo

Sem sentido ou poesia

Marcas do ressentimento

Contradição da alegria

Não deixe meu olhar perdido

Vazio...

Como se não tivesse um destino

Como se minh’alma estivesse em desatino

Não deixe nas trevas o retor

Ouça a luz que está ao meu redor

Deixe que ela lhe indique o caminho

De um coração em desalinho

De alguém que devaneia sozinho

Não deixe a canção se perder

Que vai além de nosso existir

E, num sublime suster,

Faz a vida, nas linhas, resistir

Não deixe de acreditar

Que se um dia alguém sonhou,

Também outro alguém vai sonhar

O que não era, pode se tornar...

Que não existe impossível a limitar

As liras, as letras

O doce delirar.