Não-criação e Sim-transformação

Transpassa a alma

O frio que acalma

Transpassa a vida

O fim e a despedida

O cálice do ar em movimento

Desperta o sentimento

E nada exala de perfeito

Tudo já dito, tudo já feito

Quero algo de novo de repente

E o novo não soa diferente

São como várias cenas que se reproduzem

E o velho e o novo nada dizem

Ser criativa parece ser criar o já criado

Vestir o estar já tendo estado

Digitar letras rotas e desgastadas

Desligar do cérebro as lâmpadas apagadas

Quantas letras escrevo que já não foram escritas?

Quantas frases digo que já não foram ditas?

O infinito que diz não ter fim

É um desafio para mim

Busco algo de novo e não transformado

E só consigo achar o já achado

O que digo ou escrevo a ninguém importa

Apenas é outra batida na mesma porta