ADEUS AMIGOS DO ÉTER

Adeus amigos do éter

Aqui aborto minha participação

Nesse mundo de aparências vãs

Não acesso mais esse espaço

Ausentar-me-ei desse universo de bits

Onde o erro é desfeito ao clicar de um botão

Deletarei minha presença fictícia

Da vida ilusória na qual me encontro imerso

Disperso numa infinitude fantástica

Provisória estadia nesse simulacro

Fantasma de ectoplasma fútil

Inútil tentar amar aqui

Pessoas são meras retículas

Pinceladas de claros e escuros

Serei agora um aborígine virtual

Um cro-magnon do ciberespaço

Ogro apartado da mundial comunidade

Porém, esse é um adeus sem determinação

Um dia talvez volte a esse falso convívio

Volte a integrar ou a me entregar

A emoções expressas com sílabas e hiatos

Exclamações, interjeições e reticências

A esse estado afetivo programado, aparente

Latente forma de vida

Talvez sinta saudades e volte um dia

Se houver tempo

Se inda não tiver me transformado

Num pixel na tela do seu monitor