Pedaladas na Ilha

Fôlego

Falecendo

neste pedal girando:

força, for-ça, f-o-r-ç-a...

O asfalto, como esteira rolante,

escapulindo para trás...

O tempo na frente

diante de meus olhos,

e o pneu dianteiro

bebendo a distância,

encurtando o futuro

-- ali, quase a fugir da tentativa

de apanhá-lo com as mãos

(apesar de estarem

seguras

no guidom) --

...

O vento inunda os olhos

de cores, a endoidecer a razão,

no fluxo contínuo das pedaladas:

trôpegos passos de pé redondo,

levitando sobre o solo esburacado da Ilha

-- em direção à praia à luz ao sonho ao arco-íris... --,

em busca de uma bateia mágica

garimpar num veio etéreo

todas as minhas líquidas utopias

que subjazem latentes, mas não se desfazem,

emergindo, mesmo que volatilmente,

e me arrastando até a linha do horizonte,

onde, por fim, descansarei...