Dormi sem calar

Dormi mais bela hoje.

Na essência das coisas que não provo à mim mesma, acordei ressabiada.

Assobios ao longe não me parecem confiáveis.

E esses passos, ruídos de vassoura e carros afirmam que estou na hora errada.

Que a dimensão dos meus sonhos me foi surrupiada, havia esquecido...

Tanto tempo me perdendo em pensamentos sem sentido

Sem sacudir a parede frágil que estava ao meu lado.

Sem saber o que sentir muito menos o que dizer

Fui molhando a mão, fui lavando os panos,

Fui lutando contra mim pra falar do que não sei

Fui tomando coragem pra demonstrar fraqueza

Fui me enrolando nas cobertas e escondendo o rosto

Fui sendo quem eu não era pra parecer com algo que fosse

Fui descobrindo as minhas certezas pra desistir de nossos apelos;

Acordei desfigurada.

Se é que o sono foi capaz de me abraçar

Por vezes essas que por nada acabam

Por tudo voltam, por mim se calam...

Sem aparente motivo, sorrio.

Sorrio sem a pretensão de amanhã o sentir

Sem ter a perspicácia e experiência com que o vento o leva

Então confirmo, minhas fragilidades foram alcançadas.

Só então desisto de mim mesma e abraço o travesseiro

A gigante mão que me acaricia o rosto

Então percebo as ocasiões mais ridículas

E gargalho daquilo que tentava me aterrorizar

Eu vou lendo meus livros e lutando contra o tempo

Misturando os papéis que tenho que organizar

Encharco o corpo de creme depois da pele suar.

E vou dormir mais forte e sincera, sem reclamar.

De forma singela, amanhã acordar.

Andrea Amaral Nogueira

12/05/2010

Andréa Nogueira
Enviado por Andréa Nogueira em 12/05/2010
Código do texto: T2251723
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