Epitáfio às avessas

Nessa travessia

Para levar comigo

Não quero mochila

Nem bagagem, nem alforjes...

Quero a poesia por alimento

E o néctar das palavras por meus licores

Ah e quero tudo aderente ao meu ser

Pois, toda pele, toda carne...

Todo osso vai putrefazer

Mas quero crer...

Que tudo que estiver em minh’alma,

Comigo irá... e irá permanecer,

Então quero derramar um arco-íris

Na aquarela desbotada de minh'alma

Quero absorver todo verde dos campos

Todo vermelho da terra,

Todo azul do mar...

Da água toda transparência e todo frescor

E todo o amarelo do Sol e todo o seu calor,

Ah quero toda a beleza da Lua

Todo brilho das estrelas,

E a singeleza de cada flor...

E na ânsia de eternizar todo belo, todo explendor

Quero gravar...

Todos os instantes, todos os momentos...

Do vento, todos os cantos e todos os lamentos...

Ah quero abocanhar toda luz do dia

Para iluminar a noite de meus porões

E quero tatuar na retina da alma

A imagem dos meus filhos e,

Quero abraçar todos os abraços

Me prender nesses braços...

E sorver do beijo todo sabor

Ah quero armazenar todo riso, todo grito

Todo canto... todo encanto e,

Toda voz de criança em meus ouvidos

Enfim, quero entalhar na alma

Todo toque de mãos...

E todo olhar em meus sentidos,

Ah toda forma de afeto

Quero sublimar...

Pois, quero celebrar a vida e,

Libertar todos os amores

Para que livres voem e

Livres possam voltar!

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 11/08/2010
Reeditado em 12/08/2010
Código do texto: T2431731
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.