No lapidar dos anos
Parei no tempo e estou
Há mais de dois anos em coma?
Não, é só a cabeça tentando se arrumar
Muita coisa pra pôr no lugar
Sei ao certo que da adolescência
Para o desdobrar da vida madura
A alma sofre espasmos violentos
E a cabeça ainda tem seus tormentos
Mas os sonhos ganham nova tonalidade
Sem o rubro da loucura juvenil.
Ainda que prensados em uma ambição febril
Tocam mais perto a realidade
Se sou ainda imaginativo?
Sim, minha mente é uma canção
Mas não teço mais com fios de malha frágil
Para que as traças façam um banquete ágil
Nas reentrâncias desta estrada vil
Fui mais forte que a contenda existencial
Não perdi, talvez, minhas emoções profundas
Mas por terem elas deixado cicatrizes fundas
Domei com firmeza meu orgulho antigo
E nas rédeas curtas de um aprendizado em processo
Coloquei minhas mágoas em grave recesso,
Dando a elas um solene abrigo
Sim, minhas memórias
Nelas residem as lágrimas vertidas
A história já contava que se aprende com o passado
E assim estou extraindo o certo da essência do errado