Diáfano, sim. É ela.

Sinto as mãos vazias de palavras, os versos despedindo-se dos dedos, sinto a confissão se esvaindo.

E, de pouco em pouco - como se ressequido,

O espírito antes livre para versar confunde-se com o redór.

E a cada pedaço que se vai, sinto-me sem motivo.

Como se sem realidade

Seja feita de translúcido, bordas irreais.

Não sei se de vazio interior,

Ou se de externo inexistente

Que são feitas minhas palavras.

E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,

Parece, pois, coisa nula, descartável...

Bagatela.

E de quê poderia valher-me

Léxicos que nada significam?

E para que transcorrer, mesmo que fluidamente,

Sobre insignificâncias do que está por dentro?

Se nada parece ter mais por que.

E de nada vêm, então de nada serve e nada significa.

Não quero escrever sem motivo,

Sem sentimento nem motivação.

E toda essa falta me corrói, faz-me mal

E o ciclo, vazio de cheio, não se interrompe.

E a cada vez afogo-me em lamurias intermináveis.

Não há regojizo... Não há sorriso, não há

Se quer, expressão.

E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,

Parece, pois, coisa nula, descartável...

Bagatela.

Arya
Enviado por Arya em 03/09/2010
Reeditado em 03/09/2010
Código do texto: T2476794
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.