Aos que eu não conheço ****

De repente tudo se transforma e me trás ventos que não quero,

Recordações do que não aconteceu... De tudo que eu nem sonhei...

Percebo como é complicado sobreviver à alma sempre em suspiro...

Das historias que eu não vivi, dos rostos que eu nunca imaginei...

De todos esses que não fizeram parte da minha vida, e aparecem,

Assim, sempre do nada... Ao acaso... E com o mesmo acaso se vão...

Uns jamais voltam... Outros nem sei realmente onde estarão...

Caminhando pela praça que não fui, entre os polens que se esparcem...

De longe, quieto. Sombrio talvez. Esconde uma vida. Vidas.

Nem olho no rosto, quem sabe não o reconheça. Prefiro estar longe.

Não. Prefiro estar perto com gosto de distancia. De desconhecimento.

Porque tudo o que é intimo e trago comigo, das minhas mãos foge...

Inerte e muda, guarda profunda a decisão. E ela esmaga, magoa...

Torno ao suspiro derradeiro, primeiro. Na encantadora solidão.

Dói-me a entranha vazia, sonho dissipado de tudo que não sabia.

Buscando o nada dentro desta nuvem que na madrugada ecoa...

29/10/10