Higiene espiritual

Joguei fora meus CDs cheios de misérias sonoras.

Não ouço mais os zumbidos esquecidos

sem significado musical. Ouço os grilos cantarem

em madrugadas sorrateiras e me dou por satisfeito.

Tudo que é pobre e sem o mínimo de verossimilhança

Tudo que não traz benefício espiritual na unicidade

De cada ser que procura sabedoria em virtude.

tudo que não acrescenta regride e agride desejos.

Joguei fora todos os sentimentos mesquinhos

de aceitação as coisas como elas são. Os homens

acham que pode tudo e se esquecem que não são maiores

que a natureza. Em cada ato suas vidas padecem.

Aprender a descartar o que anula um fator preponderante

É sabedoria de poucos. Buscar não no simples, o simples

Torna pequeno quem o busca. O complexo tem armadura

Contra o que é baixo, contra o que é sem formalidade.

Vim de baixo e permaneço ainda em baixo. Isso sei

Sou da tribo de meu pai descendente dos meus avôs,

Sou filho de minha mãe que dotada de principio gerou

A mim e meus irmãos, sou da tribo que honra os princípios.

Sem negar a liberdade de contestá-los pela razão da lógica

E pela prova incontestável. Livro-me do que não me faz bem

Mas preciso odiar o que é péssimo para enobrecer o espírito.

Acabei de jogar fora o livro que fala do carpinteiro.