RUGAS QUE EU AMO

Acabei de completar sessenta anos!

Sem silicone, sem correções faciais estéticas, sem botox, assim, de cara limpa, com tudo que a natureza e a idade me deram.

Tenho cabelos castanhos pintados pra esconder os fios brancos que, mais ou menos aos cinqüenta anos começaram a branquear.

Tenho algumas rugas em volta dos olhos e da boca, mas não me recordo quando elas começaram aparecer, como também não vi as marcas de expressão se vincando. Quando dei por mim, elas estavam lá me dizendo que o tempo havia passado. Não tento disfarçá-las lançando mão das tantas novidades no campo dermatológico e estético. Não uso creme, mas mesmo assim, compro um aqui, outro ali e no final não uso nenhum. É como se olhá-los na prateleira eu percebesse as rugas se retraindo. Porque não tenho paciência para ficar diante do espelho durante minutos e minutos para mudar aquilo que eu gosto que seja como é, natural. Por isso detesto pintura! Não gosto de beleza produzida que, só quando removida, me diz quem sou externamente. Quando me olho, pintada, tenho a impressão que estou olhando para outra pessoa. Gosto de me olhar no espelho e ver o mesmo rosto, os mesmos olhos, a mesma expressão. Quanto a me vestir, não acompanho moda nem tendências. Uso aquilo que gosto e não aceito que me digam o que fica ou não bem em mim, isso é um assunto que eu e o espelho decidimos. Sou assim, vaidosa, mas não em excesso, penso que sou na medida certa pra mim.

Enfim, os anos passam e as marcas que eles deixaram em mim, não têm como conter, nem pretendo isso! Acredito que cada marca, que meu corpo carrega tem uma história escrita pelos filhos, marido, amigos, enfim, por aqueles que estão ou que passaram pela minha vida, escrevendo, comigo ,as minha vivências. Não quero me desfazer de nenhuma dessas marcas, elas são parte do meu acervo de corpo e de memória.

Atualmente a parte que merece mais a minha atenção, é a cabeça. Tento, todos os dias, colocá-la no lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e alegrias. O corpo se deteriora naturalmente, apesar e além dos cosméticos, plásticas, ginásticas porque o processo de envelhecimento é inevitável. Mas a cabeça, se cuidada além de não envelhecer ainda ameniza o envelhecimento do corpo.

Não escondo minha idade. Não adiantaria falar que tenho quarenta e cinco e apresentar um filho de quarenta. Portanto confesso: tenho sessenta anos... Metade deles bem vividos e outra metade sofrendo as mutações deste crescimento.

Mas é exatamente aí que está o encanto da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e ambas me fizeram ser essa pessoa que sou hoje. Ficaram as rugas no rosto e na alma, mas também, ficaram sorrisos e muita paz em ambos.

Minhas rugas mais bonitas são aquelas marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração chorava.Enquanto elas se dobravam eu sofria, chorava, sorria e... aprendia... crescia...

Marsoalex 29/12/2010

Marsoalex
Enviado por Marsoalex em 12/01/2011
Código do texto: T2724677
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