Comportas da compreensão

Quem generaliza um grande amor como outro qualquer

É tal qual um náufrago a se debater sem rumo a seguir.

Quem não se dá uma chance a si mesmo,

Em função das experiências fugidias de outrora,

Vive com a visão arredia e andando a esmo,

Entre caminhadas sem direção e passadas tortuosas.

Ou enquadra um grande amor dentre as paixões fortuitas

Ou vivencia este amor, de forma vivenciadora.

A paixão é um vento imprevisível

Que surge de forma avassaladora.

Mas ela sai sem deixar qualquer rastro, renunciando os sonhos e a luta,

Em função das parcas ponderações e visões risíveis.

O amor difere da paixão,

Pois ele foge da mediocridade

E procura o que surge no âmago mais sublime do coração.

O amor difere da paixão,

Pois esta conduz ao autoritarismo sem autoridade

Da possessividade insegura, fugaz e sem qualquer realização.

O amor abre as comportas da compreensão e da tolerância,

Enquanto a paixão impõe, nos momentos de crise, a torpe arrogância.

O amor difere de palavras fortuitas e vãs,

Mas confunde-se entre ações e ingênuas intensões.

A pureza do amor se contrapõe à desconfiança das paixões;

O respeito recíproco do amor se opõe às torpes e indevidas cobranças.

O amor foge dos invólucros de ilusões

E corre em busca de sonhos que tragam alegria aos corações.

O amor não se obriga a explicações, conceitos e teoremas.

Ele é, em suma, a essência dos que anseiam vivenciar uma vida

Marcada por ideais e aspirações sem estigmas

Dos que se negam a aceitar, de forma passiva, os confusos dilemas.