OLHOS BEBENDO POÇOS

Destroços.

Olhos bebendo poços.

Ao fundo ossos,

Tesouros de farrapos

Do profundo calabouço

Sinto aquele cheiro

Em meu nariz

Perdigueiro

Superpostas carnes

Sobre meus ombros

(Supostas postas

D’eu mesmo)

A autofagia

Salivou-me

Comida indigerida

Farta de energia

A esvair-me pelos cotovelos...

Saberei sobreviver

Da fome de meus apegos?

Da fealdade dos meus versos?

Saberei me reencontrar

Nos fétidos rastros deixados

Pelas tripas estripadas das

Idéias paridas?

A poesia fez um buraco

Nos conceitos da minha vida...