TERCETOS
Venho desse mar
Que componho
Em meus arbítrios.
Com o dedo sujo
E medonho
Como trovão de chuva.
Minhas mãos sinuosas
E quentes como
Um coração que ama.
As palavras escapam
Como folhas a esmo,
Ao sabor do vento.
Se amontoam
Criam asas nesses
Tercetos sem pouso.
Venho desse impulso
Como arrepio
Que sobe a pele.
Venho recém chegado
Do pesadelo
Como reprise de um filme.
Visto a carapuça
Do inocente
Sem álibi e sem crime.
Meus versos não se atêm
Às poesias acadêmicas
Mas às clandestinas.
Não aspiro nada
Que não seja
Um verso vira lata.
Escrevo para que a tinta
Não se resseque
No tubo da caneta.