TERCETOS

Venho desse mar

Que componho

Em meus arbítrios.

Com o dedo sujo

E medonho

Como trovão de chuva.

Minhas mãos sinuosas

E quentes como

Um coração que ama.

As palavras escapam

Como folhas a esmo,

Ao sabor do vento.

Se amontoam

Criam asas nesses

Tercetos sem pouso.

Venho desse impulso

Como arrepio

Que sobe a pele.

Venho recém chegado

Do pesadelo

Como reprise de um filme.

Visto a carapuça

Do inocente

Sem álibi e sem crime.

Meus versos não se atêm

Às poesias acadêmicas

Mas às clandestinas.

Não aspiro nada

Que não seja

Um verso vira lata.

Escrevo para que a tinta

Não se resseque

No tubo da caneta.

Delmo Biuford
Enviado por Delmo Biuford em 23/11/2006
Código do texto: T299408