Um cara de 34

Rubem Alves escreveu:

“Eliot não era menino. Já tinha 32 anos. Mas ninguém é velho com 32 anos.”

Eu sei que não sou menino.

E velho muito menos.

Sou o quê, então?

Sou a estatística, o invisível.

A poesia é do menino.

Este inocente que traz vida à casa vazia.

E é do velho que contempla a irmã morte corporal.

O vencedor que chega ao termo cantando glórias e sentindo saudades.

Eu não valho nada para a poesia.

Só interesso ao capital.

Aos trinta e quatro eu sou material para o romance policial.

É por isso que não gostam de mim?

Trabalho de oito às oito, compro pão e leite.

Tomo bronca do patrão.

…......... Olho pra trás - tão pouco tempo.

E corro contra ele, por minha vocação.

Adolescente alienado, adulto decepcionado.

E por fim, um palavrão.