Perturbado

Só eu me conheço

Só eu sei quem eu sou

Só eu sei o que passa aqui dentro de mim

Só eu que conheço os sentimentos que borbulham secreta e obscuramente aqui

A adaga imaginária que carrego entre meus dedos

Eu sedento por cortar a garganta daqueles infelizes

E das pessoas felizes também

Ver o sangue escuro manchando minha pele

O vermelho jorrando para todos os lados

Tomando conta do branco do mármore

O último grito de dor

O que era alegria patética se torna medo perceptível nos olhos - agora sem vida

Agora sem mágoas

Sem sofrimentos

Sem culpas

Graças a mim

Sem felicidades

Sem paixões

Sem amores

Graças a Deus

Sou eu o Deus?

Sou eu que tenho o direito de escolher o destino de um outro ser?

Reflito sempre quando ponho a cabeça no travesseiro

Pensamentos e mais pensamentos povoam minha mente

Mas só uma obsessão:

Cabeças...

Decepadas

Quem diria,

Só Deus sabe

Só eu sei

Só eu vejo

Só eu percebo

Precisam morrer

Preciso matar

Ele sussurra no meu ouvido:

Mate-o

E repete:

Mate-o

Então mais uma vez

E outra

Ah, caraca, eu não aguento!

O sangue derramado

Seco no chão, sob o sol quente na estrada

Reluzido pela luz

Vejo e revejo

Então o outro eu entra

Acabei com o mundo de alguém

Mundo que me dava asco

Mas mundo

Era preciso, retruco eu

Sou só um bicho movido por instintos, replico o outro eu

Qual sou eu?, me pergunto

Qual o fajuto?

É mais profundo do que posso entender

Só sei que não sei

Sei que nem eu sei quem sou

Sei que sou

E isso me dá nojo,

Me traz felicidade:

Sou assassino

Willians Barbosa
Enviado por Willians Barbosa em 07/12/2011
Reeditado em 08/12/2011
Código do texto: T3376114
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.