A noite do amanhã



A noite do amanhã
Que ontem passou
Deixou um pouco do agora.
 
Meus sonhos
Meus medos
Os temores que desconstroem o tempo
Me faz o mais imortal
Daqueles de morte certa
Que sabem que o amanhã é um sonho
De um ontem
E que só o agora
Vale a pena viver
Que só o agora
É realmente experimentável.
 
Nenhuma palavra
Nenhum sonho
Apenas o dia
Que atreve-se a me transformar
Que ousa me transportar
Pelo eterno presente
Do aqui e do agora
Que jamais abre mão para o antes
E que sempre aventura-se a duvidar do depois.
 
O fogo da inocência insensata
Me faz perder um caro tempo do agora
Sonhando no depois
E me fazendo vagar na busca do amanhã
Que acabo esquecendo de viver
O único universo possível
O aqui e o agora
Este universo
Este tempo
Esta minha única experiência do viver.
 
Vivo para morrer
A morte dos que souberam viver
Na certeza de que melhor não poderia fazer.
 
Poeta do viver
Sem medo de morrer
Por que medo ter
Se renasci cada dia ao acordar
Na certeza de que tinha o que fazer:
A vida experimentar
O amor construir
E o social revolucionar.
 
A voz do tempo do nunca
O pensamento do lugar algum
Me seduziram para acreditar
Que de passagem para um futuro eterno eu estava
Mas o que eu experimentava
Era a única chance de viver
Era a única oportunidade de pela revolta latente
O social transformar
Sem a ingênua esperança
Sem a pedante vaidade
De que o mundo é meu
De que poderia errar
E algum perdão obter
E uma nova vida começar.
 
Eu sou minha própria jornada
Nela me lanço pela eternidade do presente
Eu sou o meu próprio destino
Nele construo o que sou e o que quero ser
Eu sou minha própria casa
Nela me escondo com múltiplas faces e múltiplos seres
Eu sou o que sou
E sendo existo para o mundo
Eu sou, apenas enquanto existir
Nada mais serei quando me for
A menos que exemplos eu deixe
Ou que algo de social eu construa.
 
O sonho do imaginário
Carece de qualidades reais
O sonho do imaginário
Me enche de ilusões
E assim não me revolto como humano
Frente à desumanidade social que vivemos.
 
No jogo da vida
Prefiro ousar
Do que esperar
Prefiro fazer
Do que apenas falar
Prefiro me expor
A apenas me defender
Prefiro deixar legados
Do que passar incólume
Prefiro errar
Na certeza de que estou tentando
Não a tentação da vida eterna
Ou mesmo a do retorno futuro
Mas a verdade do real que posso viver. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 15/12/2011
Reeditado em 15/12/2011
Código do texto: T3389517
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.