BOTECO
Sei que tenho todo o futuro pela frente,
mas o que quero na verdade é vê-lo pelas costas!
Esse futuro tão esperado,
e tão amarguradamente lamentado quando se torna presente,
e quão valida seria a existência do presente?
Pois talvez ele nem exista,
porque nós na verdade também não existimos,
e o que existe e fica,
são os conhecimentos registrados,
os sentimentos relatados,
a vida vivida no ápice de sua plenitude,
no gloso pleno!
Devemos temer o passado, pois ele nos descasca,
mostra tudo o que somos,
mostra quão fétida e podre é nossa existência,
desnuda os vermes que se alimentam da hipocrisia do presente,
moralismos genuinamente falsificados,
de fácil percepção nas mães de família,
que copulam com seus amantes,
e masturbam-se com o tridente que orquestra a vida mundana,
pais de família, que tem múltiplos orgasmos nos botecos da vida,
queimam-se no fogo purista da calabresa e do salame,
saciam-se com as loiras!