BOTECO

Sei que tenho todo o futuro pela frente,

mas o que quero na verdade é vê-lo pelas costas!

Esse futuro tão esperado,

e tão amarguradamente lamentado quando se torna presente,

e quão valida seria a existência do presente?

Pois talvez ele nem exista,

porque nós na verdade também não existimos,

e o que existe e fica,

são os conhecimentos registrados,

os sentimentos relatados,

a vida vivida no ápice de sua plenitude,

no gloso pleno!

Devemos temer o passado, pois ele nos descasca,

mostra tudo o que somos,

mostra quão fétida e podre é nossa existência,

desnuda os vermes que se alimentam da hipocrisia do presente,

moralismos genuinamente falsificados,

de fácil percepção nas mães de família,

que copulam com seus amantes,

e masturbam-se com o tridente que orquestra a vida mundana,

pais de família, que tem múltiplos orgasmos nos botecos da vida,

queimam-se no fogo purista da calabresa e do salame,

saciam-se com as loiras!

Sérgio Souza
Enviado por Sérgio Souza em 10/01/2007
Reeditado em 10/01/2007
Código do texto: T342332
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.