Onde estaria você?
O sol cegou meus olhos
De tanto que o procurava pelos dias
E já nada vê sob a luz do sol
Onde encontraria você?
Eu me perdi nas noites à sua procura
Foi assim que minha alma anoiteceu
Foram as estrelas que permaneceram
Fizeram companhia à minha solidão
A minha alma ajoelhada em preces
Em agonias, pedia por sua presença
Escutei como resposta o silêncio
Toquei como real apenas o vácuo
A cada dia vivido desisti de encontrá-lo
Mas no dia seguinte voltei a buscá-lo
Desisti, insisti, desisti e continuei insistindo
Já aceito que só existe em mim este você
Sei que o sonho nunca quis ser sonhado
Até sonhos têm vontades e decisões próprias
Um sonho sagrado, revolvido e resolvido
Sonho que algumas vezes vou recordar
E que em muitas outras, irá se apagar...


SEM RESPOSTA

E me perguntas onde estou...
Domingos costumam ser cheios de missas e promessas
E vazios de respostas a perguntas difíceis como essa...
Mas, tentemos, afinal somos anjos plenos de insensatez:
Se me procuras, sou vento, me sentes, me tocas, mas não me vês...
Se me contemplas, sou espectro de mim mesmo, vazio de entranhas...
Se me despes, sou a pele das melancolias que acaricia as montanhas...
Se me banhas, sou sombra, molhada apenas no sereno de deslembranças...
Se me penteias, sou a brisa bailando nos milharais suas longas tranças...
Se me tocas, sou corda de lira, desafinada em arpejos de agônica dor...
Se me bebes, sou amargo feito o mel dos outonos despidos de flor...
Se me buscas, estou nos longes de um deserto, feito lágrima vertida em areia...
Se me ouves, sou apenas um sopro, murmúrio distante, um lamento de sereia...
Se me navegas, sou rio em busca de mar, e em espumas de agonia me desfaço...
Se me esperas, talvez chegue apenas os fragmentos de um coração aos pedaços...
Se me lês agora, sou livro de páginas fechadas, abertas em tristura e solidão...
Se me encontrasses agora, decerto eu seria, de novo, apenas mais uma ilusão...
Por isso, não me perguntes onde estou, pois nem eu mesmo sei de mim...
Talvez, eu esteja num país distante, onde mora a fragrância de uma saudade sem fim...

José de Castro

 

Amigo poeta, que honra tê-lo em minha página!
Diante do seu talento, minha absoluta reverência
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Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 05/02/2012
Reeditado em 05/02/2012
Código do texto: T3480845
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