O Eido De Minh'alma

Naturalmente, pensei, era como deveria ser

Suave, desliza pelos céus esse delicado caos

Tem rosto de chuva, canta trovões

Não muito longe daqui, a vida é ainda a mesma

Eu tive minhas escolhas, minhas chances

Errei, caí, vi extinguir minhas doces alegrias

Não significou muito chorar ou me contorcer

A cama não era o universo e meu medo não era o fim

Ainda criança cresci, ainda flor murchei

Na porta da escola a te esperar

O sinal soou, fim do dia, não há cor

Apenas um punhado de versos no bolso furado

Ali, sentado na calçada, observei pela primeira vez

Tudo ao meu redor, as pessoas, essas vidas díspares

Todas cheias de medo, com tanto em comum

Mas nem se quer se olhavam, nem se quer se importavam

De alguma forma isso sempre esteve aqui

Perambulando pela saliência de meus mundos

Perjurando amores eternos, dissimulando dores tão cruéis

Doces papéis desse treatralizar insano e entrópico

No eido de minha alma, num poço de lamento

Está seu adeus... Insólito, insidioso, pecaminoso

O meu mundo se tornou cinza, chuva eterna

Na balada desses dias mortos, morro vivendo

Descobri-me, duramente, fraco, frágil

Como uma porcelana, a um passo de quebrar

Sem amigos, sem destino, sem luz

Mas a solidão sempre me seduz

Eu não dormi, velei meus sonhos

Era o anjo sem asas do Éden

Meu jardim estava ameaçado pelas fagulhas da dor

Não podiam entrar em minha casa

Nem sei por que tão sinceramente, aqui, me entrego

Não machuca meu ego ser, assim, humano

Nessa manhã que meus olhos fechados não vêem

Eu ouço tua voz, nos recônditos mares de minha alma

Não há nada mais lá

Nada mais em você

... Eu percebo o canto dos pássaros

Sim... Ahhh... Novo dia!

Tomverter
Enviado por Tomverter em 05/02/2012
Código do texto: T3481974
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.