O DITO NOVAMENTE
O DITO NOVANTE
Todos os homens são livres para dizer.
Será? Pergunta um rosto sem boca em pé em algum lugar.
Todos os homens são escravos de suas palavras.
Todos os homens sonham acordados por novos enunciados.
O lugar;
O agente;
O sintagma.
A tenebrosa dúvida.
As palavras merecem confiança?
Certamente que não;
Certamente que sim.
As palavras curam e ferem.
São belas serpentes penduradas no deserto.
Tem a palavra algum valor em si?
Sem os homens as palavras choram solitárias.
Vestem roupas de gelo.
Derretem-se ante o clarão do sol silencioso.
O espírito da palavra é a alma do homem.
O homem sozinho perdeu sua palavra.
A palavra nos fala do homem irmanado aos outros.
Toda palavra é um diálogo no mundo.
As palavras quebram o silencio do tempo.
O tempo que só passa pela força do dito.
O dito diz do tempo;
Que diz do homem;
Que diz palavras.
Que é dito em palavras:
Escritas;
Faladas;
Gritadas;
Grifadas;
Maiúsculas;
Minúsculas;
Fingidas ou verdadeiras;
Com arrogância ou amor.
O homem é livre para dizer?
Finjamos que sim!
Pois, o dito tem sua hora.
Tem sua boca.
Tem seu dono.